A leitura do evangelho nas missas dominicais de hoje dirá que, esta festa, simboliza a entrada triunfante de Jesus Cristo na cidade de Jerusalém, quando montado num burro e acompanhado pelos seus apóstolos, foi saudado pela multidão, com ramos de palmeira.
Ora, como a flora não é igual em todas as terras e as palmeiras predominam sobretudo, na zona mediterrânica e marítima, na nossa terra a saudação a Cristo, é feita com ramos compostos de louro, oliveira, congorsa, salva e alecrim.
Mas mais do que o simbolismo da saudação a Cristo, no meu tempo de menino e moço, este dia era para nós um concurso de ramos. A tarde de sábado era dedicada à procura das plantas com que ornamentávamos os ramos, e a sua apresentação, dependia da imaginação de cada um. Havia-os grandes e pequenos, uns em forma de arco, outros em forma de cruz, mas a maioria eram do tipo fachuco, ou seja, as plantas eram misturadas e atados com um fio, alguns também lhe dependuravam rebuçados.
Embora o dia de Ramos signifique o início da semana santa, para nós esse dia confinava-se apenas à bênção do ramo, o qual depois de benzido era oferecido aos padrinhos, dando quase sempre uma moedita, servindo para adoçar a boca, com as guloseimas compradas na taberna da Sra. Cândida ou da Sra. Adelaide.
Mas claro que nem todos os ramos eram para oferecer aos padrinhos, a sua maioria eram guardados e secos em casa, para serem utilizados como defumadouros. Nessa época a ida ao médico não era tão generalizada, muitas das doenças curavam-se com remédios e mezinhas caseiras.
E como nem todas as doenças eram físicas, algumas eram apenas do foro mental e psicológico, atribuídas ao mal da inveja ou mau olhado, a cura dessa doença fazia-se com um defumadouro. Queimava-se os ramos bentos e segundo os crentes, esse fumo afastava o mau olhado, curando o paciente.
Acredite quem quiser, mas era assim no meu tempo.
Um bom dia de Ramos para todos.