Outeiro Secano em Lisboa

Fevereiro 20 2014

Já tinha visto no telejornal de terça-feira, a reportagem da partida do Fernando Tordo para o Brasil, e confesso que me comoveu, sobretudo, porque goste-se ou não da pessoa ou da sua obra, o Fernando Tordo, é uma figura de referência da nossa cultura, há mais de quarenta anos.

Mas ontem o meu filho, também ele emigrante, que ontem se sentia duplamente nessa qualidade, porque vivendo em Amesterdão, por razões profissionais se encontrava em Bruxelas, sempre atento ao que se vai passando no nosso país, enviou-me pelo skipe este link;

                                                     http://www.publico.pt/cultura/noticia/carta-ao-pai-1624299

trata-se de uma carta que, o  escritor João Tordo escreveu no seu blog, ao seu pai. Essa carta comoveu-me ainda mais, fazendo com que não tenha adormecido facilmente.

Este exemplo do Fernando Tordo que, após os 65 anos de idade, se vê com uma reforma de apenas trezentos euros, é um bom exemplo para aqueles que, defendem que, a segurança social deve ser privatizada, e cada qual deveria cuidar da sua, dispensando-se o estado dessa função social.

O Fernando Tordo porque é um homem de coragem, assumiu a sua situação, mas como ele estão centenas de artistas de várias áreas, que, ganham se tiverem trabalho, independente da sua idade.

Este país que já não é para jovens, obrigando-os a emigrar, parece também  não ser para velhos, porque lhes corta nas pensões, afinal que país estamos a construir?  

publicado por Nuno Santos às 08:04

Bom dia, Nuno.

Tabém eu me comovi ao ler a carta do João Tordo. Tal como tu perguntas, não consigo entender aonde vai Portugal. A velhice não se apresenta serena, depois de tantos anos de trabalho. Que futuro aí vem?
Abraço amigo.
Albertina a 21 de Fevereiro de 2014 às 11:28

ouvi falar pela primeira vez de fernando tordo quando ele concorreu a um festival da canção com uma musica de dois professores da escola ind. e comercial de chaves
fora isso tem uma musica de um festival se não me engano cavalgada que dá para ouvir o resto que ele canta nem de graça iria assistir muito menos pagando
quanto à carta comovente mas é filho e já vi gente bem melhor fazer o mesmo ou melhor ser obrigado a fazer
vasco sobreira garcia a 23 de Fevereiro de 2014 às 00:14

Amigo Vasco,
De facto, a primeira presença do Fernando Tordo num festival da canção, foi com uma canção dos Profs. José Henrique (letra) e José Firmino (música), a canção chamava-se Cantiga, e ficou em quinto lugar. Mais tarde o Fernando Tordo ganhou o festival com a Tourada, ainda hoje uma das canções de refrência da música portuguesa, pelo que representou no movimento libertártio contra a censura.
O Fernando Tordo é o autor das mais belas canções portuguesas como "Cavalo à Solta" Madrugada" "Adeus tristeza" e muitas outras, que, compôs para outros cantores, como Paulo de Carvalho, Mariza entre as quais o Fado Tordo cantado pela Mariza:

Por mais que eu queira ou não queira
Salta-me a voz para a cantiga
Por mais que eu faça ou não faça
Quem manda é ela, por mais que eu diga

Por mais que eu sofra ou não sofra
Ela é quem diz por onde vou
Por mais que eu peça ou não peça
Não tenho mão na voz que sou.

Mesmo que eu diga que não quero
Ser escrava dela e deste fado
Mesmo que fuja em desespero
Ela aparece em qualquer lado

Mesmo que vista algum disfarce
Ela descobre-me a seguir
Mesmo que eu chore ou não chore
A voz que eu sou desata a rir.

Por mais que eu quisesse ter
Só um minuto de descanso
Por muito que eu lhe prometesse
Voltar a ela e ao seu canto


Por muito que eu fizesse juras
A esta voz que não me deixa
Perguntou sempre tresloucada:
Eu já te dei razão de queixa?


Nuno Santos a 24 de Fevereiro de 2014 às 18:33

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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